Sem dúvida, é entorno de uma comida, de uma bebida, de um ritual de comensalidade que se vive as melhores experiências de afirmação de uma identidade; porque a identidade faz parte das muitas e diferentes representações que são simbolizadas nos ingredientes, nos seus preparos culinários, na organização do cardápio; e, nas concepções dos acervos sensoriais que fazem parte de uma cultura; ver, cheirar, reconhecer, perceber, sentir temperaturas, e assim acionar o paladar.
Juntamente com esses temas que são tão fundamentais para identificar as identidades culturais, destaco o caso dos patrimônios alimentares que mostram peculiares soluções estéticas na organização de pratos, de cardápios do cotidiano e das festas; e dos seus rituais de sociabilidades.
Nesses contextos, o que se come na Bahia enquanto comidas consagradas e reconhecidas na tradição, na história; na maneira de interpretar ingredientes, como também na forma de apropriação e recriação de receitas consolidam expressões como: “Essa comida é típica da Bahia”.
O conceito de “típico” ainda traz diferentes leituras idealizadas sobre o que é nação, povo, e o que é genuinamente “brasileiro”, e por isso é necessário rever este conceito, e assumir as interpretações contemporâneos sobre os patrimônios culturais no que se refere à alimentação.
Ainda nesses contextos, há muitos movimentos globais que valorizam os sistemas alimentares de bases étnicas que respeitam a biodiversidade e a pluralidade cultural.
No caso particular do Museu da Gastronomia Baiana, pode-se dizer que ele é um espaço consolidado e coerente que trata de temas complexos sobre comida e cultura, e cumpre a sua missão de promover os ingredientes, as receitas, e as diferentes cozinhas que fazem a ampla e rica mesa baiana.
Raul Lody
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